O Homúnculo de Penfiled

julho 20, 2011

Homúnculo de Penfeld

Wilder Penfield foi um renomado neurocirurgião que conduziu pesquisas com portadores de epilepsia durante a década de 1940. Sua teoria foi bem sucedida em casos considerados intratáveis e consistia em remover cirurgicamente as partes causadoras de ataques epiléticos do cérebro de seus pacientes, anestesiados mas conscientes.

Uma de suas descobertas foi a de que certas áreas do cérebro, ao serem estimuladas elétricamente, desencadeavam a recordação de memórias esquecidas nos pacientes. Isso conduziu a confirmação de que existe uma base física para a memória.

Penfield utilizou-se de suas investigações para mapear as relações das áreas do córtex com as partes do corpo. Ele descobriu que a área cortical possui uma correspondência muito diferente das proporções físicas do corpo. Ou seja, em alguns casos, pequenas partes do corpo correspondem a grandes áreas cerebrais, enquanto em outros casos ocorre o contrário. Após completar o mapeamento de todas as correspondências cerebrais, Penfield idealizou figuras de homúnculos, O resultado é a imagem acima que correnponde à forma humana tal como o cérebro nos “vê”.

As áreas do corpo que são notadamente exageradas nesses homúnculos são a língua e os lábios e principalmente as mãos. Durante uma classe de SwáSthya Yôga alguns alunos já relataram que, ao vivenciarem estados profundos numa excecução de yôganidrá, por exemplo, sentiram-se como se de fato seus corpos fossem deformados tal como esses homúnculos.

Sabemos que os primeiros hominídeos que apresentaram o polegar opositor o fizeram antes de terem desenvolvido completamente o neocortex. Fica claro para nós que foi o uso das mãos como ferramentas que acabou favorecendo evolucionariamente os primatas com maior área cerebral, que poderiam utilizar com mais destreza do polegar opositor. Primeiro conquistamos a ferramenta e somente depois o processamento neurológico necessário para nos valermos totalmente dela, tal como um usuário de computadores que instala programas pesados em seu hard drive e depois descobre que agora precisa comprar mais memória RAM para rodá-los.

Existe portanto no curso da nossa evolução uma relação direta entre a utilização das mãos e o desenvolvimento cérebral. Podemos então concluir que um praticante de SwáSthya que se dedique a executar gestos elaborados com as mãos irá experimentar sensações, vivências e memórias que estavam registradas em áreas adormecidas do seu cérebro, reforçando ainda mais as comprovações de Penfeld e a experiência prática dos mais antigos.